segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Inimigos

Fraco olhar no entardecer...
Bate o sol na minha face pálida
Aclamando a noite.

Semente derrete a rocha dura
Casais fieis nas margens dum rio
Procriam novas gerações...

A destruição transforma-se
Em santuários calmos de oração
Pois serão úteis após a morte...

Moldem-se a tudo que vos rodeia
A vida serpenteia nos vastos campos da imaginação...
Serpente mais grossa que a minha cintura
Ela engole-me inteiro...

Luto para sobreviver nos seus ácidos cortantes...

Todo o alimento torna-se igual nos momentos de aflição
Todo o mal tem o seu próprio inimigo.

Lagrimal seco

Eu aguento o corte na pele...

A força instalada no interior do meu peito
A respiração sufocante das horas
Os nervos tensos de morte

Mas tenho medo...

Psicossomática droga que invoco na alma
Dos Mestres espíritos curandeiros...

A cerimonia na luz do dia e escuridão da noite
Resisto num feitiço desfeito no fogo !
Espírito o meu...maligno
Na força deste meu olhar assustado.

Tudo que é próximo é perigoso...

Trémulo corpo o meu...Junto ao teu
Quero de novo aquele abraço
Que se perdeu no tempo...
O caminho que percorri
Na direcção do teu abrigo.

As palavras esgotam-se...
Como as lágrimas secas no meu interior.

A morte sorriu

Sorriso envolto de ternuras
Sentidos glorificados na experiência carente
Homem...
Mulher...

Olhar cego na visão do seu cinismo
Cínico homem fodendo a mulher
Nos ecos devorados da ambição...

Imagem no idealismo do corpo !

Os dedos delicados abrem espaços
Escorregadios
e
Húmidos
Fundo sem fim que me acolhe na escuridão
Um Prazer desconhecido...

Sim !

Penetro até à alma...
Osso deslocado contido na dureza dum amor eterno
Sente o teu sabor !
Podes manter a tua boca porca e imóvel
Na mentira das tuas palavras...

Pois são apenas palavras meu amor...

Apenas palavras.

Lendas

Lendas dão entrada no cego nevoeiro
Criaturas da noite...
Riacho de sangue exuberante
Catedrais esgotadas nas florestas ocultas
Ser rastejante da noite
Movendo-se nas folhas mortas...

Raízes profundas em aguas pretas
Devorando Gigantes de morte

Pêndulos cortantes , uma forca balança !

Assim...

Cantam pássaros livres.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Ocupações do fim

Barulhos estranhos movem-se no meu corpo
Súbita alteração dos meus órgãos vitais...

Medo de morte...
Pele branca
Suor fraco , pulso subtil nas ideias
Uma noite quente.

Sustento da minha escrita
Gato gordo na varanda olhando a noite magica
Contida na morte...

Não sei o que pensar , não sei que fazer...

Doces memorias
Uma vida vazia na apática mente dos meus dias
Tempestade assombrosa...
O clima altera-se e os homens dançam na chuva
Fazendo melodias para o mundo.

Sonhos estranhos que acordam no real apetite feroz
Sentido dum corpo...
A busca duma alma
Dispersa no fundo
Remota e calma.

Podia sentir a brisa...
Passar em volta do suor aniquilado
Entre dores que crescem
Nos ramos curiosos da solidão...

Flores abrindo o dia e fechando a noite
Penetram no meu olhar desesperado
Fissuras abrem muros e lançam
Raios de sol na escuridão...

Que será melhor ?
Morrer jovem...
Morrer velho...
Sentir dor...
Viver o Amor !

Sou de tudo um pouco...
Um Jovem...velho
Uma partida do tempo
Uma mentira eterna na conscienciosa mente dos Deuses.

As feridas do homem são a desgraça da humanidade
A lavagem da terra...
A sentença do bem e do mal.

Grito !

Suaves nervos ocultos que lanço...

Sentado na mesa...
O corpo não se mexe , olhar fixo !
Barulhos na minha mente sem parar...

CALEM-SE FILHOS DA PUTA !

A cerimonia vai começar...

É a merda que comem no riso que esboça
Que me leva à loucura...

É uma cona...
É uma pila...
Que me dá prazer
É sémen que se cola nos vastos campos da imaginação !

Rápido e devagar...
O Sangue que escorre
Uma actuação...os palcos são pequenos
Divisões e pensamentos

Ocupações do fim.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Pontos altos

O que me reservam estes dias...

Uma Noite apagada longe de ti...oh sempre esta inquietação
Este pensar distante..
Este corpo duro...

Preciso de ti...

Melodia magica num vasto deserto...
A tua figura que gira nas estrelas...
Mil danças dum só amor.

Quero o teu sono...

Quero um pouco do teu sangue e alguma da tua dor !
Meu amor selvagem perdido nas margens dum rio...
O teu olhar que desejo admirar
Num sentimento de corrente calma
Sempre em baixo tom ao descer...mas tão difícil de encontrar.

Quem corre para a colina...
Quem vê do cimo os teus passos perdidos
Pegadas de areia fina...
Num delicado e agreste amor secreto.

Os teus cabelos revelam a beleza da tua alma
Não teria medo de tocar...
A tua pele beijar e um mundo criar.

Continua longe...

A sede em cascatas vazias !

Continua a pensar num amor mais alto que própria dor...

Pontas de sombra criadas...

Eu espero por ti na mentira do entardecer...
Seria talvez uma noite gloriosa
Para os teus braços correr.

Nada poderá ser igual ao que já foi sentido e levado pelo vento...
Agora só me resta saber...
Se é o destino ou força o caminho a escolher.

sábado, 8 de agosto de 2009

Rosto da noite

Rosto...
Abrigo pálido na superfície duma vela
O silencio belo...
Uma energia que falha na sua propria luz.

Fogo...

Essa luz solitária que lança sombras ao meu olhar
Um anjo visível na sua forma e sentimentos
Nas pontas dum quarto fechado.

Silencio de morte...fé ou vida ?

Neste calmo e solitário silencio...
O nosso corpo podemos ouvir
Mas vozes não podem sentir
Quando a alma não quer surgir.

A luz duma vela !

Ela treme quando algo falha em belas danças numa só chama...
São nervos de dor...
Acariciada na sua superfície abrigada.

Quando o vento calmo deixar de passar por ti
Podes aos poucos baixar a tua chama e permanecer perto de mim...

Pela noite adormecida são lançados delicados fumos escondidos...
Eles cegam...
Mas não serão mais fortes que aqueles que matam.

Gostava de ser como tu chama...

Consegues ser bela e perfeita...
Quando mantens o teu equilíbrio natural
Pois és chama e fogo...no escuro invejada...

Chamo por ti quando as trevas por mim se espalham..
Mas esqueço-te num sopro final
Guardo-te neste fundo triste...

Só e apagada.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Silêncios de morte

Insólito solo que alimenta as minhas assas...
A pele suave que agarra a minha queda...segura e perfeita !
No vazio desconhecido...
Vento acidental que empurra o meu corpo para uma refeição fácil.

Podia eu !

Sentir Dor...

Desespero...

Tornei-me num ser , esquecido nas minhas próprias frustrações
Acordo...durmo...sobrevivo ao som da melodia da vida...

Vida !
Sim...um corpo que me mantém vivo
Mas desconectado com os ambientes envolventes.

Esta rua da minha imaginação
Tento sentir sabores e cheiros distantes
Um corpo livre na doença...
Numa alma tão gasta...

Desgastada !

Seria sempre melhor que perdida...

Estou preso no meu próprio escuro...
Por vezes nem o medo se reconhece !
Os espelhos que se espalham pela casa...
Poderia eu contar as vezes que me olho...
Mas que não me vejo.

No romper da aurora...
Homens fortes trabalham..antes da chuva anunciada
E eu observo pela janela...uma vida que se foi
Aprisionada...

Consciente ciente da razão...
Poderia ter eu a tua mão !
Mas esqueci-me dos pesos e forças
Que me levam à solidão...

Força...
Psicológica dor ao tentar virar as costas ao Mundo...
O poço da tortura...
Ventos deslumbrantes
Na minha loucura.

Saudável...é como linhas da vida
Escritas em linhas perfeitas...
Essas Linhas...são silêncios de morte !

Passeio ao luar...
Uma vida poderia eu criar...
Mas é tarde para começar
Aquilo que nunca vou acabar.

Seria belo caminhar juntos um ao outro...
O Mundo oferece-nos tudo para que o possamos sentir....
Mas será sempre uma fuga eterna dos sentidos da mente.

Tudo se escapa por debaixo dos meus pés...

Eu tento , mas nada posso fazer...
Só me resta perder...
Por vezes cair...
Voltar a erguer...
Nunca esquecer e sim aprender.