domingo, 29 de agosto de 2010

Feridas Negras

Demónios e Necromantes estão entre nós enquanto dormimos solitários nas florestas perdidas... Chamamentos e nevoeiros calmos espalham-se pelas terras gélidas da manhã , guerreiros no cimo de pequenas colinas surgem com as suas sombras e raios de sol enfraquecidos.

Pântanos sedentos deixam para trás os objectos da tortura , caminho lentamente por águas quentes e misteriosas...ferida de Deus anuncia ventos libertinos trazendo consigo o cheiro da peste agonizante da historia...

Corvos pendurados e seus curativos de morte...já nem covas com cadáveres nem corpos queimados anunciam a nossa chegada...mulher de olhar astuto renunciando a oração...assim por entre festins do tempo cai a noite e renasce o luar...

Nesta noite eu conheço a tristeza , sofrimento que adormece os meus sentidos...mato lentamente a espera numa impune lamina que trespassa um amor amaldiçoado...maldição dos propósitos da vida que fazem passar os meus anos.

Torno o meu coração insensível envolto de sombras e historias passadas de amor de ódio e vingança...erguemos a espada em nome de Deus tentando entender o poder da oração e salvação...bruxas de olhar assustado assim sejam relembradas nas minhas memorias queimadas !

Busco a verdadeira cega de paixão...aquela que um dia caminhara nos cantos desconhecidos do meu coração...

Sim tu !

Traição de mulher amada , pois entendo cada ferida negra do teu corpo que se aconchega num caixão de madeira velha...

Apodrece a minha alma enquanto crescem os teus cabelos de insanidade , espero mais um dia e outro dia...quando estarei junto a ti ?

domingo, 27 de junho de 2010

A tua vinda

O meu quarto esta vazio desde do dia em que deixei de te ver...não tenho mais memorias aonde me possa agarrar pois nem as paredes sangram de dor nem saudade , apodera-se de mim o sentimento de perda...

Saio para a rua e tento encontrar o cheiro do dia , procuro nos meus olhos aquela neblina que viaja num passado distante revelador das maldades do corpo...aquele que tocas-te no verdadeiro dia das duas almas que se encontraram pálidas e sem expressão...vejo agora fugir de mim o teu rosto de serenidade na minha mão morta e branca que perdeu o rasto do amor verdadeiro que sentiu por ti.

Junto ao espelho veias grossas criam em mim a força de sobreviver dando ritmo de vida à expressão do meu olhar , ardem perdidas as nossas palavras nas cinzas da manhã que nos esperavam ao acordar...sonolência a minha caída no peso da consciência , mostra-me a verdade nua crua sem vergonha nem piedade antes que seja tarde...aqueles belos horizontes que percorri afundam-se cada vez mais pelos caminhos ocultos do destino , cruel destino o meu que um dia amou sem nunca ter amado...podia deixar-me ficar mais um pouco se o teu coração deixa-se.

Os meus cabelos ardem suavemente lançando fumos malfeitores que mancham estas paredes amareladas e doentes...pois elas não me escutam mais...apenas o fogo fala enquanto se inflamam as cortinas da noite fechadas neste canto divido e amargurado...atrás mim apelam-se verdades que me magoam....verdade que se esconde na visão dum sol renascido que espreita por entre os ramos a vinda de mais um dia sem ti...

domingo, 20 de junho de 2010

Seguimentos de morte

A manhã chega...renasce mais um dia de sanidade em seus raios , ouvem-se pássaros cantar anunciando a beleza e frescura que paira sobre o ar como um toque de piano dando ritmo as notas melodiosas da madrugada.

O quarto fantasioso do meu exílio leva-me a navegar por suaves sentidos perdidos fazendo-me permanecer distante do bater do coração , sonhos estranhos apoderam-se do meu corpo cansado e torturado sem expressão nem ambição...

O susto de morte revela-se ao acordar e ou adormecer...não aguento estes caminhos estreitos de solidão quebrados e impostos na alma , viajo por este mundo desconhecido à procura dum sinal real , analiso os pares que dançam e as suas formas sociais sem rosto...estou tão longe de sentir uma vida normal como qualquer mortal nas suas mentiras...enquanto vivem mentiras eu perco as suas realidades , agarro-me aos ideais que se escondem pacientemente num presente sem saída.

Arrasto-me sem dor por estas noites de luar de madeira viva axadrezada neste jogo impiedoso das nossas vidas , espero por seguimentos mortais na brisa dum vento que sopra em meu redor...

Sou o doente da verdade , muro lamentável que espera as raízes do mal...estou tão perdido como das primeiras vezes...

Já nada sinto nesta historia
Já nada creio em meu redor
Nunca esperei chegar nem sequer partir separado do corpo e alma...

separei-me...separei-me de ti.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sabedoria das memórias

Perseguem-se acorrentadas na minha visão danças severas translucidadas de imaginação...
Adormeço por vagos momentos neste cansaço que me leva a cair numa respiração incerta e assustada , quero sentir e revigorar este corpo de mentira que se ergue na vergonha decadente e sem emoção.

Aonde se encontra a saída deste túmulo frio que me prende num fundo sem aviso em suas sombras,uma energia monstruosa se levanta da terra electrificada condutora de morte...raio de poder nas criptas duras que absorvem chamas iluminando a noite num azul brilhante da mente.

Falsidade a cada lugar que vou , cinismo no sorriso penoso em suas farsas , a maldade é a sua desgraça...oh que me agarre e que se desfaça.

Perdi o controlo...
perdi e esqueci a sociedade cega nas suas mentiras...
vivem-se sonhos reais e celebram-se as estrelas de sabedoria infinita.

Suavemente venham-me ver cair pelas agrestes e imperfeitas trepadeiras escondidas...
Venham admirar este raio de sol que trespassa os ramos cruzados da imortalidade , observem a minha queda reinventada em poços secos que me inundam de vazio , lancem sorrisos sobre a minha forma sombria que se desfaz numa figura fina de cor.

Agora já é noite...esta noite em que esqueço os momentos passados no inferno , como por vezes tudo muda com o tempo...onde estive até agora ?
Sinto-me lançado num abandono calmo , esquecido pelos demónios do passado e agarrado as sombras do futuro...isolado neste circulo que se levanta suavemente em direcção ao topo dos sonhos.
Envelheço e encontro-me comigo próprio , já senti o fim inúmeras vezes como um habito rotineiro dos meus dias , mesmo assim continuo a ter medo...

A minha pele transforma-se na sabedoria das memorias perdidas do presente , alcanço pequenos momentos felizes por cada mudança silenciosa que se agita na minha alma , sinto a brisa que passa e o calor que me transpira revelando as suas curas naturais...largo alguns pesos e acumulo novas ideias.

Livre e vulnerável...

Sentado num canto penso...faz-se silencio nas pausas do mundo , sinto um corpo que sobrevive para se encontrar num espaço e tempo...analiso como a vida passa por nós neste murmúrio esquecido em quatro paredes.

Pode ser tudo tão belo
Pode ser tudo meu
Sou cada dia mais humano na busca deste infinito desconhecido...

Mas...

A pele fina junta-se com os ossos da mortalidade.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Razão do tempo

Apenas o Mundo advém da experiência secundaria nos terrenos da cultura como um toque de chamamento nas portas dilacerantes em batalhas reencarnadas na secura dos meus lábios , salivo as noites impregnadas de mau cheiro...hospital doentio nas suas formas esculpidas de loucura...posso percorrer os seus corredores lunáticos de luz branca...mais nada me fará voltar atrás neste doce cintilar que espera o chamamento da escuridão , atravesso a minha alma Radiográfica num vazio mirrado.

O medo que se transforma numa fraca pulsação dos pensamentos , risos sarcásticos que analisam a vergonha do meu olhar...cruel respirar nas busca da salvação , sedativos deprimidos arrastam-se para um estranho Mundo de serenidade repletos de amor e devassidão.

A razão do tempo que não encontro , tudo parece fazer parte dum presente recente que não vivo , um passado esquecido nas suas feridas que rastejam impacientemente nas suas lamurias silenciosas...

Mente concreta e sonolenta , ritmos solitários esquecidos e abandonados na estrada voluptuosa...curva após curva no destino desconhecido seguindo a brisa fresca e fatídica...viajamos assim para os tempos passados nesta era que se encontra perdida , somos modernos até ao ponto que nada temos e nada fomos , caminhamos para uma recta final dos nossos dias que anunciam o Mundo de doença e peste.

Acabaremos como qualquer outra grande civilização fazendo assim história para uma outra humanidade...

Melodia penetrante no olhar que não me julga na casa do desejo perpetuador do silencio...as folhas contêm linhas rectas de paz que equilibram o meu espírito atormentado , sinos ao longe lançam para um céu aberto a liberdade dos tempos , escondem-se os medos e as saudades no rosto sonolento de morte...

Respira-se pacientemente nos campos livres da aurora o fim do mundo...

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Pinturas Ocultas

Acordados numa súbita vigília da noite , percorre por mim suaves momentos de apatia...terna apatia sem sentido como a perda fraca do sussurrar conspirado nas lamurias do passado.
Alma que se mente...porque continuo a acreditar em ti ?

Perdida estas em mim num longe renascer do olhar...

Respiração pobre que abafa a minha vida...perdi anos e um futuro construtivo...alimentam-se as esperanças e os falsos testemunhos , herdei culturas e pensamentos de terceiros como heróis quebrados nas suas viagens intemporais.

Sou a morte terminal
A mentira do amor
O corpo rígido surreal
Permanecido na dor

O vomito da boa disposição que saboreia as horas perdidas do coração...
Eu desci bem fundo na minha doença obscura da solidão , trago e levo oração nas assas fracas do entardecer...

Seguem-se momentos de fina luz que iluminam os rostos da noite , erguem-se olhares assustados na direcção duma terra oculta carente de emoção distante...
Distantes os meus pensamentos que me levam até ti...até mim , pintas as cores que te vão na alma num céu aberto de orgulho...tela branca a colorir o teu abstracto oculto por mim esquecido.

Assim se faz noite
Assim se seguem as horas
Buscas dos dias em pedras esculpidas...

O rumo nem sempre é certo
O risco nem sempre compensa
Quando a energia quebra ao acordar...sem que nela possa acreditar , doce respirar , corpo perfeito da saudade...faz-me sentir de novo os dias de amor eterno.

domingo, 21 de março de 2010

Pecado Ancestral

A Gift of a Thistle

O som vagueia pela nossa mente numa noite estagnada de inspiração...
Quarto solitário de portas imaginarias nas mais calmas saudades , animal deitado e atento a cada compasso e nota musical...alisando o seu pêlo brilhante nos olhos de diamante que surgem ao amanhecer.

A minha alma selada como um muro pesado e escuro...
Áspera de pontas salientes e curtas , desfaço-me num sonho em busca da realidade a cada canto quebrado...
Respiração duma vida , adormecemos na mais pura verdade das melodias , alimento o meu choro retraído nos sentidos do meu olhar...não voltarem a sentir o pulso da vida como nos tempos de inocência que me puxaram para um solo fundo de sangue.
Paginas dum caderno que se desfolham...olhares atentos que pisam...palavras secretas que se escondem fora dum alto e misero silencio numa sociedade que em mim se esconde.
Existem gritos da historia que não se discutem mas que ecoam nos céus da realeza , manto da escuridão que rasteja nas sombras do coração.

Distante viagem...estradas abandonadas que me guiam na tua direcção.

Morrendo de pé numa berma desprezada , seguem esqueletos abandonados para longe horizonte , destroçando caminhos imperceptíveis numa luz que nos encadeia...desfocada na serenidade dos meus dias.

Mundo escondido que não consigo alcançar , vivo da historia e dos passados ancestrais...
Numa rua me deito...
Numa rua adormeço...
Os passos da manhã numa infinita sombra que se esconde ao acordar...tu renasces , cantas , danças no meu pensamento...eu no meu abrigo pálido sempre me esconderei.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Pedaços ancorados

Pedaços ancorados nas vertigens da alma , fantasmas mergulhados nas profundezas ocultas da imaginação...
Nada se faz sentir na nossa Era , ruas desertas nas madrugadas escuras esperando os nossos passos e rumos como companhia.
O medo é o amuleto que sustem a nossa vida , pequenos percursos nos infinitos minutos que passam da nossa existência.

Por vezes é tão difícil sentir algo quando os anos ditam e condenam aquilo que construímos...

Será a mente e os ideais uma construção real do tempo ?
Serei eu no espelho da idade uma forma de ilusão?
Fixa-se o olhar , procuram-se moldes perfeitos e respostas na invencibilidade que desejamos ter.

Que será melhor...

Ter um espelho quebrado?
ou
Um espelho desfocado ?

O ar que sai de nos não chega para escrever tudo aquilo que sentimos , ele esconde-se da realidade , foge dela e afoga-se num abismo sem retorno...

Mas eu...

Quero-te encontrar na mais pura forma de inocência...
Quero o teu olhar longe do mal da humanidade...
Olharei sempre para ti nos mais belos elementos vitais da terra , tu serás sempre Fogo , Ar e Mar...uma forma atraída de Metal por mim idealizada.
Com o passar dos anos não terás mais medo da fantasia nem da realidade...pois um dia num sonho teu ao acordares , as cores da vida irão te envolver sempre na mais perfeita das mulheres.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Palavras que se escondem

Olho na direcção do infinito...
Longa a noite que arrasta nos céus , tapam este mundo incolor criando apenas sombras e cantos solitários.
Olhos os meus semicerrados lutando em horas pestanejantes , sem razão nem dor anunciada secando lagos de gloria...pois em cada pagina que viro na historia não vejo uma saída possível.

Bem-dita luz que surge
Ilumina cada corpo ao adormecer
O meu escurece de susto
Pois ninguém me quer ver

Levantam-se pequenos mantos
Surgem Gritos agudos e cristalinos
Queima-se vontades , esperam-se saudades e ansiedades...

Sons de fundo como trovões , proclamam o inicio e fim das nossas eras...
Cada toque subtil da humanidade são como gotas perfeitas em solo quebrado...
Assusta mais viver na fantasia que aceitar a realidade.

Cada riso abafa uma dor
Cada olhar analisa a imperfeição
Cada passo se faz com amor
Num gesto de salvação

Espera-se impacientemente que se queimem os pensamentos num fogo impiedoso...
A noite é longa e a festa é nossa.

O medo como estado de alma nas profundezas secretas que nos envolvem a cada dia que passa , reinos por descobrir nas mais altas montanhas do passado.
Foge de mim pobre alma que analisas !
No fundo teu olhar descubro os teus medos em palavras...

As palavras que se escondem em ti...
São as palavras que se escondem de mim...
Procuram-te encontrar em sonhos , criando dum inicio um fim.