quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Poesia


Pelo teu olhar doce numa alma em mim vazia
perco-me no teu silêncio numa noite sombria
Pelas ruas da minha amargura sinto-me tentado queria…
Todo o meu ser, toda a minha vida , toda a minha sabedoria

Busco o meu ser a minha identidade
Busco a verdade a não negação
Perco, sujo sinto-me feio
Perco, naufrago é toda a minha vontade…

Por Caminhos que vão dar ao nada…
Por Caminhos que fazem mover
Por paragens que fazem acreditar
Por paragens que fazem morrer

Onde encontras a minha alma
Consegues acreditar na sua dor…
Consegues criar o Amor…
Pretendes deixar-me no calor…

Moves-te sem que consiga ver
Percorro toda a tua magia e razão viver
vejo no espelho da solidão
vejo tudo mesmo na escuridão

Olhar triste o meu
Corpo maltratado o teu
Alma vai e volta
Alma já esta morta

Corre , corremos , vivemos , morremos
Mente , diz a verdade , escuta os sinos…
Sente o vento , sente a vida
Sente , acredita , morde , belisca

Mede a capacidade da minha dor
Escuta a capacidade do Amor
Mente mesmo se sentires ardor
Ama mesmo se não tens valor

Sombras das árvores, as árvores que choram…
Mentes porque sentes queres dizer agora
Olhos tentam esperar a hora
Dor que tenho , busca-me , adora-me

Pelas sombras do meu passado procuro-te na noite
Pelas gélidas manhãs procuro o brilho do teu olhar
Ao chegar a tarde perco-me na imensidão do meu vazio
No fim do Mundo reencontro-me no silencio do meu passado…

Pelo livre Homem que sou…
Descubro que existe algo que prende-me
Talvez seja a memoria , talvez a fraqueza do meu passado…
Mas no fim serei e sou sempre um Homem Livre mas acorrentado

Alma acorrentada a minha , triste paisagem deu…
Penas que percorrem a ternura do teu corpo
Uivares cantando no seu silencio da noite
Marcas , feridas são os destinos dum sopro

Perdi-me no olhar da tua alma
percorri caminhos torturosos...
Enchi-me de sonhos , porem desfeitos
Perdi-me no Amor , num Mundo de Mortos

Os Teus cabelos em nada são perfeitos
As Tuas mãos em nada são carinhos
A Tua Boca em nada diz ser certo
A Tua Alma em nada vê Perto

Fujo , serei fraco na minha acção
Fujo , serei forte na minha paixão
Fujo , terei Amor na imensidão
Fujo , porque nunca terei o teu coração

São ruas , são caminhos frios que percorro
São pessoas que vejo na escuridão
Olho para horizonte , caminho em vão
procuro-te, encontro-te no meu coração

Entre horas de ansiedade
Por entre terras de saudade
Olho e vejo a verdade
A tua face a tua vaidade

Buscas a verdade a essência da vida
Buscas a maldade a crueldade do sonho
Perdes-te na idade , na tua ira
Veste-te de loucura , verdade mentira

Pensei um dia , não fui capaz
Perdi-me na hora de ponteiros mortos
Cansado da vida eu temia
A vontade , dormia em tempos remotos

Sonhos desfeitos no teu olhar
Desgostos sombrios nos teus caminhos
envolve-me, nega o teu pensar
Percorre , faz-me carinhos

Serei eu apenas o pensamento da tua vida
Perdes tempo em pensar
Trilhos de angustias e saudade
Caminhos , sentimentos no ar

Nego os meus pensamentos , nego a minha vontade
Sinto o medo e receio , por entre dor e saudade
Olhei o rio e vi, o espelho da luz a bondade
Criem o Mundo e vi , não receio não tenho idade

O Vazio não passa duma mentira , que nos provoca a vida
Cada momento vazio , preenche-me na tua ferida
Talentos perdidos entre as noites sofridas
Palavras , sentimentos , de mim zumbias…

Loucura a tua do teu andar
Perdi-me na rua do teu pensar
Cai , esqueci procurei amar
perdi, morri fiquei a tentar

tremo agito-me , peco-me
toca-me só assim desperto
beija-me mesmo senão estiver certo
Ama-me , provoca-me de perto

Belos veludos os teus
Belos e imperfeitos sabores
Tentas negar a minha dor
Tentes provocar-me no Amor

Por detrás de caminhos escondidos
Por entre o incenso de saudade
Mostro ao mundo meus passos
Torno-me na paz na verdade

Fogo e gelo , dentro do meu corpo torturado
Mal sina meu destino traçado
Noites sem rumo nos olhares esgotados
Prefiro viver a ser mal tratado

Escura e húmida , doce pálida face
Torno-me a alegria do teu encanto
Corro para ti , se o teu amor mostrasse
De ternuras me ria se o meu olhar tentasse

Ondas em ti percorre-me nas almas
Chuva sem fim no acolher do Norte
Buscas em mim a verdade não morre
Procuras por ti , acolhe-me no forte

Frágil dama de interior discreto
Falso tremor no meu canto desperto
Sombra da duvida pelo cantar incerto
Outrora enfim no meu leito no feto

Flores , nunca as dei
Amores , fugi morri bem sem
Palavras criem e Amei
Sentimento senti por ti , beijei…

Cores negras no meu passado
Cores belas na tua alma
Preto e branco pois nunca pensei
Que tua mágoa em mim testei

Unidade , isolamento atrás da face oculta
Palavras , olhares , visões distantes
Perdas e esperanças , luares e bruma…
Mente permanente em lugares errantes

Olho o céu vejo a luz…
Perfeita cor de azul encantado
Tentei esconder-me da minha face tentado
Percorri a janela no meu canto amargurado

Busquei a perfeição de preto dourado
Cai na minha ferida no luar amado
Tremi no leito do teu corpo balançado
Olhei a lua e virei as costas , sofrendo ao teu lado...

Brilho inadequado ao meu olhar

A brisa do vento enraivecido

Lua cheia eu queria alcançar

Perdas e esperanças em rosto adormecido


Segue os passos da tua vontade

Ergue os ramos da nossa saudade

Permanece imóvel na tua bondade

Chora em paz na minha vaidade


Pedaços aprisionados na colina sagrada

Olhar triste ás portas da santidade

Consigo ver que sentes saudade

Loucuras da vida , a alma cansada


Embarcado fecha o circulo

atento ao olho de vitral

quebrando os contornos aguçados

em pedaços de cristal


Costuras do corpo sem dor

Criação da beleza impiedosa

Lábios gretados de sabor

Ao longe a vista saudosa


Calmo húmido anoitecer

Balança a seda da tua aura

Pingos de ternura fazem-se mover

Na escura noite da nossa alma


Conquistas das mentes quebradas

Lançam chamas azuis douradas

Paladar ausente da emoção

Na terra ardente da solidão


Chego da viagem da estrada triste

Avisto horizontes de pedra

No asfalto preto tudo consagra

No meu olhar o futuro existente


Vento suave sobre a vela

Agita a rua chama ardente

Perfeito contorno e singela

Permanece a luz da noite crente


Aguenta mais uma noite

Espera por mim no sussurrar

Palavras esquecendo a morte

Doente adormecer ao luar


Rastejo em chão estragado

Sinto medo e piedade

Procuro um canto sagrado

Encontro a luz da verdade


Contornos inibidores

Passam nos corredores solitários

Não sentem sabores nem dores

Dormem em quartos ilusórios


Horas que significado alcançam

Tristezas e dez amores

Vivos na fogueira dançam

Abrindo as portas de mil cores


Que tristeza a minha ao acordar

sinto que a noite não me abraçou

caminho fraco sem pensar

nos meus ternos olhos o lago secou


sentimentos custam a soltar

prende-se a alegria e o choro

alma vazia de pranto a chorar

num esboço pintado de oiro


como a vida segue nas ruas

arcadas perdidas no Outono

belas luzes em redor das tuas sedas

no tempo escasso e num profundo sono


ansiedade doida nas noites negras

ao longe bate a chuva das dores

chega perto cobrindo as vidraças

nos cumes e vales inibidores


velho e cansado o jovem doente

bengala amiga acompanhada de tristeza

ar que respiro comovente e ausente

vento que sopra de eterna beleza


perdidos vagamos nas ruas

fumo invisível do nosso encanto

procuramos luares e brumas

descobrimos a dor e pranto


neve de inverno na vila

como gostaria de sentir

ver a nossa manhã e cobri-la

no manto velho surgir...


tenho frio e sinto medo

gela o corpo em portas cristalinas

preciso dum abraço sentido

nas noites inquietantes e sofridas


tudo escapa-se das nossas mãos

como a areia no deserto

agarramos pedaços do coração

num mundo desfeito e incerto


velas das noites solitárias

o silencio dentro do nosso próprio ser

criamos espaços iluminados de vivências

como quem abraça o entardecer


calma estas na tua cama

ausente do meu corpo

gostava de ter a tua calma

como quem sente um sopro

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