sábado, 3 de janeiro de 2009

Novos Textos - 2009



Memorias

Quero cair num grande sono profundo…mas o meu corpo sempre desperto afasta esta luxuria tão difícil de alcançar…

Oh dança do vento numa noite sem igual…

Viajo no tempo em passado longínquo , fresca e saudável vida de prosperidade duma família feliz…talvez um dia.
Crianças que somos brincamos e corremos cheias de sangue na guelra e suor desperto da manhã.

Banhos e noites cristalinas no meu corpo imaculado como os sentimentos belos a percorrerem trilhos de alegria , que visão clara e limpa nas estrelas e constelações das noites de Verão.
Amores que passam nas festas duma terra , a musica que ecoa nos meus ouvidos fundos da nossa paixão…contorno a igreja inúmeras vezes num circuito de fé crente no meu Deus que me deu a bênção de viver…

Durmo e acordo sempre com o gosto da felicidade à espera ansiosamente por mais um dia radioso de sol…como é bom os cheiros , como é bom o sol que me bate na face…respiro constantemente e lanço um grito para dentro de mim pelo amor puro que sinto pelo Mundo.

Visito capelas , desço e subo estradas de terra , vi rios e cai neles…senti medos mas vivi realidades , andei por florestas no meio das árvores que agitavam-se lentamente no seu olhar escondido nos ramos da saudade…elas ainda estão de pé , as que sobreviveram terão histórias para contar ás novas que nasçam…das crianças que passaram por ali e deixaram as suas pegadas no tempo.

Idosos sentados em cadeiras de madeira antigas , vendo passar as suas crianças de sangue…sozinhos e calados horas a fio na visão dos seus sonhos , talvez vida realizada ou uma vida destroçada.
Por labirintos de pedra nascem os frutos sumarentos de verão no meu doce paladar e pegajoso dos meus dedos , o belo entardecer , a fome que chegava dando energia aos meus olhos verdes e coração.

As pegadas apenas desapareceram com a brisa do vento , ficaram as tristezas e solidões perdidas nas garras do tempo…mas se pararmos um pouco veremos que tudo continua lá no mesmo sitio , apenas a ausência dos nossos sentimentos é que se perde.

Corria sem cansar , vivia sem lamentar…chorava para alcançar um futuro além-mar.

Desgostos

Nos desgostos de amor nasce as palavras escondidas do nosso interior...,cresce outro amor renascido de dor...
Surgem poetas esquecidos no tempo que agarram a sua vida no presente.

Nos desgostos de amor escrevemos aquilo que não fizemos mas sentimos , alimenta-se a alma do pecado carnal.

Desperta-se o poeta dentro de nós , aquele que nunca será vencido nem morto...mas que um dia será esquecido.

Erguem-se esperanças atentas nos trilhos da vida , chora-se por dentro e desgasta-se o talento nas folhas brancas e tinta.

Todos os sinais tornam-se importantes , uma canção uma solidão...as noites amigas companheiras e a nossa própria oração...

São apenas palavras , viagens pelas ruas e pessoas sem gratidão numa madrugada esquecida...e quando acordares verás que estas apenas a amar e a criar a poesia como tua confissão...

Inferno

Olhem a mulher presa nas garras do diabo a ser sexualmente massacrada , vejam como pode ela sentir prazer a ser devorada pelo mal...

O Mundo parece mergulhado num caos diabólico de caminhos cruzados nas pontas da morte...nos montes e casas da aldeia as cruzes caídas sobre a terra , árvores com buracos em forma de vagina sugando as nossas identidades em círculos de sacrifício dos nossos pecados...

Almas esvoaçando , cobra que move-se em frente ás pernas abertas da mulher com a lingua
venenosa à espera da sua aceitação.
Elas são imensas e mais que os homens , grandes e poderosas amarradas na visão do feiticeiro...atrás ardem vagas chamas em rios deslizantes dos triângulos amorosos.

Oh sim , mulheres com asas de anjo debruçadas e agarradas ás pernas do diabo implorando mais e mais nos seus seios redondos de prazer...
Trompetes tocam e pequenos demónios lambem as bordas finas enquanto a angelical figura chora lágrimas de sangue sem se puder mexer , agora sim...a mulher aos poucos se transforma da luz para a escuridão...já nem todo o homem é cornucópia.

A terra será sempre terra , mas agora o céu se transforma em mar...

Eu sou noite...

Tento sobreviver despertando o coração , tenho medo de dormir e a manhã atormenta-me como um corte frio impiedoso...farto de espelhos doentes e torneiras do riacho das emoções , será a morte a porta para a salvação.

Vejam como os meus olhos estão tristes e sem vida , a minha pele branca disfarça o negro da minha alma...as mãos tornam-se feias por não conseguir acarinhar faces belas , estou triste e desesperado é procura de significados nos momentos em que estou acordado.

Horas parado , horas deitado nas recordações que não me levam a lado nenhum , olho para uma pequena abertura do cortinado e vejo a luz da madrugada a surgir...odeio-a por momentos.

Sonhos , como queria acordar ao teu lado num respirar calmo como quem vive alegremente...

Sinto a tua falta mas estas tão distante dos meus sentimentos e choro em certas alturas com uma pressão no peito sem magoa nem dor para te alcançar.
Tento criar algo confortável em quatro paredes , olho para todos os cantos e continuo bastante solitário e angustiado sem vida e mão para segurar o homem falhado que sou.

Tenho medo e anseio , escuro e frio como o navegar ás portas duma esperança ilusória...espero por uma figura e procuro sentimentos passados...

Que encontrarei quando a névoa assentar ?...

O outro lado do espelho

No outro lado do espelho vive os muros de lamentações.

Ao tocares podes sentir como ele é duro de atravessar , apenas a tua alma o pode alcançar...

No outro lado estão as estrelas brilhantes , vigorosas contornam todo o resto da casa imaculada.

Nesse lado encontrado não existem vozes difamatórias . a não ser que a tua mente peça...

No outro lado esta o olhar decifrado nas portas que ainda pretendes abrir , se tentares resistir nunca serás livre ao acordar.

Dentro desse espaço não existe religião , és lançado ao agasalho da noite ou manhã escolhida da mesma forma que vieste ao Mundo...Nu.

Existe sempre escapatória , mas aquilo que um dia foi invadido por ti jamais será esquecido...

A face oculta passa a ser a principal memoria da tua vida , deixa de haver mentiras e hipocrisia , não existem falsidades mas o preço a pagar é o da liberdade...

Agora no espelho um pouco visitado...nunca mente a nossa idade , um dia chegara o tempo que esqueceras a sua fragilidade.

Mulher

Mulher , oh sim no deleite do meu corpo !
Toca-me...bate-me e grita silenciosamente para seres amada.

Oh Mulher ! , que anda nas ruas e passeios por mim concebidos , desfolha a bravura do teu caminhar...sozinha vais para casa , esperas que Homens deliciem-se com as tuas pernas finas e pés delicados ainda com veias salientes.

Vestidos de noite os teus , sedas e rendas da rendição dos meus pecados...

Podias ser bela e encontrar amores , mas vives sozinha nas tuas dores...e eu observo-te nesses momentos sem nada para te dar...Mulher.

União

Anel que nunca te dei...

Nunca existiram formas de união porque o tempo foi ingrato.

Passava várias vezes os meus dedos na tua face , tentava permanecer crente de Amor eterno...

Formas moldadas da noite , algures no Mundo dos que já partiram talvez um artista pintor tenha desenhado os nossos rostos.

Tinhas sempre um sono profundo...assim era fácil esqueceres-me nas noites em que estou acordado , não existem mais cheiros suaves a não ser o sabor amargo da partida...Serei fraco , estarei doente ?

Que represento nesta vida varrida para dentro das sarjetas feias e imundas de mau cheiro...vassoura que não escoa bem a agua e rasteja por vias incendiarias do coração...

Assim arde esta união...

O desconhecido

A escadaria imóvel
Espelho figurativo da vaidade
Criança senta-se em frente à sua imagem...
Jovem relatando a sua morte fictícia.

Pratas desgastadas em móvel rural , pedaços de café na manhã submersa em agua fria...

Quietos escutamos os sinos do inferno...existem momentos que nem sempre estamos seguros mesmo de cintos postos.

No negro sentado escutamos os pingos caindo na casa de madeira apodrecida , sem brisas nem fogueiras para contar sentimentos de noites anteriores...que união nos faz abraçar neste momento ?

Barbas compridas do Homem sábio , jovem sem pontas brancas mas que chega para ensinar muitos velhos...

O corpo é apenas corpo , as únicas coisas que envelhecem é a alma e a mente.

Soalhos frios lavados nos tempos de verão expulsam crianças e jovens , loucuras as minhas vividas no subconsciente , álcool vidrado no meu corpo dançando de dor ao amanhecer...

O medo que trava a mente calcinada faz-nos parar no tempo e avançar nos ponteiros mortos para nos sentir-mos um pouco mais vivos.

O desconhecido é uma viagem de terror procurado em espaços solitários...nada encontramos a não ser o próprio...

Fim

Topo da rocha

Segue o fumo pelos palcos da vida , marionetas que somos alcançado o topo de nada...muitos anos no inferno vivendo prisioneiro da liberdade quebrando doces lares.

Chega a desgraça , vamos todos cair como bonecos estúpidos na guelra da vida...

Anda , corre em passo lento como quem dança ao som da musica do diabo...não importa , cabelos para trás e calças de cabedal , botas postas pontapeando tudo que aparece à frente , rebeldes com ou sem causa...fino metal do cinto enrolado como o chicote domador de animais...essas cruas pessoas.

Move-se ao som da guitarra que chora as suas notas , vamos todos comer , beber e saborear a vida nas luzes básicas cheias de talento perdido nas gerações...

Gritooo...pelos erros fazem-se novos artistas e cantores em cima da mesa da igreja vestidos de padre com interior diabólico das baterias anunciadas...abanem as vossas cabeças ao ritmo da oração.

Falta pedaços dos nossos dentes , esmalte quebrado mergulhado nas aguas de cálcio esperando erguer os ossos mortos...caminhos do cemitério , ramos que se prendem nas pernas , saímos dos lugares sagrados e partimos de volta aos tormentos dos nossos pensamentos...

Topo da rocha no topo do Mundo , um dia alcançaremos á mais pura essência da vida...

Cantemos senhor !

Rosto da manhã

A tua face bela onde queria navegar...

Sinto a curvatura do teu corpo nas minhas mãos tensas que procuram acalmar delicadas pontas sensíveis...

O teu rosto move-se lentamente como a brisa do luar , encontro a tua ternura carente no sufoco do ar...

Cruzada na minha cama num canto tentas falar , encontro-me de pé mas queria acordar.

Deitado junto a ti gostava de permanecer eternamente , mas o tempo voa como borboletas em dias de tormentos sem voz nem pensamento...

Manhã gasta pela noite sofrida , olhos nos olhos acordamos...
Secretamente levanto-me da cama e desço as escadas...volto para junto de ti como um pássaro livre...

Os dias passam e pouco estivemos juntos , partes e eu fico sem amor nem calor...

Folhas brancas

Lindo olhar atento na minha obra , olhando em redor...sublime na obscuridade do seu pensar.
suave...deitado em frente a mim , pausado e relaxado emana a paz nos confins da noite...

Folhas brancas virgens de pureza escrevem-se as frases da nossa vida , morrendo de tédio sem ninguém para falar ou expressar no meu rosto desesperado.

Rindo-me sozinho , vejo-me ao espelho várias vezes , toco no meu cabelo e analiso o meu olhar...ramificações vermelhas e negro da pele...espero por mudanças como quem espera por mim um dia.

Gostava de um dia falar contigo e puder rever o que sinto...será que acabou ?

Anos irão passar e para nós será sempre tarde e impossível falar dos pensamentos que mataram o nosso amor...como será agora as tuas canções , que melodia acompanha-te ao acordar...podia ser um dia de liberdade , os meus são de saudade.

Acompanhei-me nesta jornada !

Vocês sabem qual é...

Portas Infinitas

Desespero segue pela rua dos amores que não compreendemos como a musica que viaja pela mente calma e solitária , procura respostas dum novo dia estranho de inferno encontrado.
Venha-nos buscar , estamos por labirintos destroçados na mensagem e palavras que pretendemos agarrar , monstro de energia relembra as nossas recordações afastadas de gestos e danças enigmáticas , xamã e índios na viagem dos sentidos e visões psicadélicas...

Pintura nas paredes , sangue fresco escorre pelas costas da mulher ao passar as unhas afiadas num gesto dizendo...estamos vivos !

Acorda para celebrar a nossa chegada , corremos como pessoas livres e doentes em brisas pesadas , leve como será a palavra Amor...?

Entro nas portas infinitas junto ao mar , não quero esse eterno e duro prazer...prefiro a montanha e floresta acompanhado por amigos falsos que dão de beber à dor...

Pequenos e iluminados surgem pelas árvores , silencio total , o olho afina-se no escuro da noite numa cerimonia de pano vermelho...

Temos direito ao que a natureza oferece...mas que nada tem para dar , isso apenas será descoberto no nosso interior.

É o fim da noite...

O escuro

Vamos dar as mãos nesta correria da nossa aceitação algures perdida nas nossas dores enquanto escondemos negras sombras do nosso passado.
Rocha dura em chão mole , terra pobre em partículas molhadas e guardadas no vizinho inverno , cinzento do céu formado por nuvens gordas e robustas contendo toda a energia acumulada no seu interior...

Algo esta prestes a rebentar ás portas da luz nas montanhas ao longe avistadas , fim das tardes sossega a nossa mente lúdica nos rebentos e raízes de plena satisfação.

Perdidos e achados nas malhas quentes , segredos escondidos espreitam no olhar da saliva pegajosa e bolhas glamorosas...

O escuro tenta provocar o medo , panico sufocante da nossa mente amordaçada....

Borbulha que doí inchada e redonda , essa merda que aparece de ponta branca de pus , rebenta líquidos largados pelo corpo como uma peste adolescente , é esta a nossa vida , pedaços de doença como flocos de neve a cair do céu agora descarregado...subtil natureza da nossa radiante passagem de dureza e incerteza.

Dor de quem arde , sufoco de quem se afoga , é como agua e fogo juntos no mesmo sentido...

sacude por momento o teu cabelo , larga a poeira em partículas brilhantes que descem sossegadas no eixo de luz á entrada das janelas , algures num canto esta a nossa sombra e não podemos fugir dela...

Necessitava um pouco de companhia mas ela não vem...espero sentado no sofa enquanto apodrece a minha pele , julgava ser teu...esta triste sina que Deus me deu.

Agora procura a pede para que a alma seja devolvida.

Infância

Noites das paragens vitais , corpo sem nome gela em quarto arcaico...

Gemidos sobem nas paredes...

Cauda dançante bate no meu corpo...peço ajuda aos anjos imóveis dos quartos esquecidos.
Quente brisa que trabalha...alcança o meu longo nariz , tapetes mágicos da traição invoca o espírito da solidão.
Nas ruas glorificadas surge a plena satisfação da alma aguardando as horas dos cantos aclamados para o mar sugados...

Batalha interior das armaduras emolduradas , todo o chão é pisado mesmo em mares conquistados , que perguntas e respostas , que horizontes...procura por ti uma vez na vida e esquece o passado.

Pensamento acompanhado nos dias estranhos e cansados , ao longe a luz esquecida dos cantoneiro apressados.
Manhãs nascem nas novas cidades no silencio do Mundo agitado , quebram-se as árvores no parque purificado , pequeno recinto , areia , escorrega e baloiço perdidos no tempo...

Infância a minha feliz , energia a cada hora , bebia a agua fresca e sorria como a primavera linda do nosso olhar...

Sempre atento , introspectivo e criança que fui um dia nas folhas secas do Outono , Sentimentos que por mim flui como a agua de verão.

Rumos que levaram os dias felizes da nossa meninice , agora pelos vastos becos encurralado permaneço quieto mas acordado.

Espaço fundo

Grande criador de toda a vida e Amor...penetra nos portões do fundo em cascata cheia de ternura carente.

Largo os meus passos em chão suave e escorregadio da minha ignorância e ingenuidade , pele enrugada precisa da secura dos teus lábios para formar copulas brilhantes ao ritmo da musica estridente e calma da noite dos amantes desesperados.

Nada corta este elo puro ao ouvido do século da prosperidade... , em planícies que avançam alcançando o olhar belo e perfeito da águia migratoria nos vales quentes e frios que os deuses criaram....

Na sua asa livre...não se perde na viagem , avista as presas salteadoras , garras de condão espetadas na carne fina em gritos presos de dor , rancor , vingança avassaladora na manhã dos rios envoltos nas pedras de carvão ainda em brasa...queima a nossa pele dando o brilho ao olhar.

Sem medo o pastor caminha nos montes pertencentes ao diabo , fustigado na mente básica e pau firme...uma casa solitária , o fumo da chaminé...bosque encantado e bruxas à solta voam ao cimo das árvores rindo-se sarcasticamente dos nossos passos.

Biblioteca antiga , poço fundo...

Mendigo pede esmola , madeira ruidosa das portas ao abrir os minutos desperdiçados na vasta sala transtornada...

Cheiro do pinheiro e pinhas quebradas em saco vazio , na ferrugem segue o ar pelos compartimentos da casa fria , baú das tuas recordações fechado durante o tempo em que não conhecia-te...

Caio agora no espaço negro , será abismo ?

Não tenho nada para agarrar-me , a vista não ajusta-se no infinito dos profundos círculos...tonturas criadas agora violadas pelo gigante invertebrado sempre cansado...

procuro-te...

Onde estás ?

Positivismo invocado

Acordamos seja a que hora for...
Vamos invocar algum positivismo na rua do amor , flor bela e perfumada em tempo de verão , mar de energia brilha sobre os raios de sol...

Respiramos profundamente , pegamos a areia da praia , olhamos olhos nos olhos e damos a mão desta vez...a solidão já não nos bate à porta.

Podíamos sair ao luar e ver o brilho do nosso olhar , mesmo que estejas a chorar eu só te quero amar...belo rosto podia ser o teu ou tocar nos teus cabelos amarrados , soltar um beijo cuidado na tua pele acariciado.

Podemos levar o sol e andar nas aguas profundas , sorrir sem hesitação mas com o coração...

Mil Mundos dispersos , mentes sábias e séculos de bondade , agora já nada tememos porque chegara a nossa idade.
Analiso o pormenor da tua face e sinto a tua eterna ingenuidade...uma vez positivismo invocado jamais será quebrado...

Momento oportuno

As cores da vida são a preto e branco , mobília esquecida e gasta encontra-se escondida dos nossos olhos...

Ruas da cidade , subi para alcançar o topo dos meus desejos , esgotado andava no meio da multidão e as suas vozes conjugadas formavam a melodia dum barco que se afunda...corri perigo em certas horas , vivi com o assassino...andei com ele de mão dada no fio da sua ocasião instintiva.

Dias e noites de verão , espero a hora para sair , preciso soltar a dor e frustração em mim , ouvir décadas de musica feita com alma e coração...

Igual a Roadhouse Blues mantenho os olhos na estrada e as mãos no volante...

Chego à catedral , o som ecoa pelos edifícios fantasmagóricos , permaneço dentro do meu carro é espera do momento oportuno para entrar...

Noite louca ! paredes espelhadas , visão atenta nas luzes , rapariga embriagada...gente nostalgica num tempo sem sentimento...
As horas passaram e surge a madrugada , acabo por sair ainda com a mente melodica de bom som , agora só resta chegar a casa...

Grutas em deserto solitário

Desliza secretamente o brilho em pedra isolada , embargo nos passos silenciosos da nossa solidão sem razão...caminhos na vila mítica , portões e gradeamentos antigos nos parapeitos curiosos da nossa imaginação.

Subjugado ao Mundo sinto ligeiras angustias , saudoso no tempo com uma impotência de não conseguir agarrar momentos futuros avistados...

Encontramos o deserto quente e só num espaço nas areias do tempo , pequenos ventos levantam alguma poeira cega em céu colorido da nossa dor...mente em expansão...abutres voam em busca da tua fraqueza esquecida em agua adormecida , estagnada fervilha em feridas por ti esquecida...

Podíamos caminhar mais um pouco em direcção à gruta humedecida , tambores perfeitos anunciam a chegada...é hora de acordar e deliciar-te com o sumo da manhã...mas continuas preso no buraco onde o olhar aproxima-se até entrar na retina e minas dos nossos destinos...

Bigodes do gato gigante sábio em posição altiva no canto da parede rural...cabelo fino , ponta alcançada nos lábios secos da ira guardada !

Precisamos de algo sagrado para continuar...

Tristeza ausente

Pelo suave que acompanha-me na noite...a chuva lá fora cria brisas desgostosas na minha mente , passei mal por momentos no sufoco do corpo.
Quarto confortável onde me deito , aquele que nos tempos foi o sanatório da doença da minha alma...

Olhos gigantes azulados reconhecem a minha dor inquieta , desço e subo as escadas varias vezes no meio dum escuro esfumaçado pelos trilhos do inferno.
O Mundo lá fora encontra-se num caos , não sinto-me seguro nas estradas da minha visão , alcanço apenas os elementos saudáveis , por-do-sol...o fresco entardecer.

Agora a luz vinda do televisor ajuda-me a esquecer e adormecer em qualquer momento...

São sombras do Gato gigante , luz amarelada doente , baixa respiração latente , peito preso e dentes estragados...

Tudo é triste e cruel cheio de incerteza e desconforto , unhas limadas e cabelos quebradiços os meus , desleixado com a vida reconheço o seu significado com a garaganta enrolada permaneço acordado...

Os olhos de quem me deu á luz são como viagens num Mundo distante , não sei que sentido sinto por ti , morro a cada momento quando tentas destruir a tua vida...

Mãe não chores...odeio-te ver sofrer por mim.

Lamento tanto não estar presente...

Ancorado

A velha louca segue o nosso olhar na infinita noite que chega sem avisar...
Cruel espumar da sua boca que dita as palavras profanas aos vigiantes...

Caminha para o seu lugar numa casa escura e fria nos seus tecidos velhos aquecendo a sua alma , advinha sem chorar...

A cidade das luzes sente-se solitária , pequenos buracos nas ruas aonde dormem os sem abrigo escondidos nas sombras...nenhum lugar é seguro , mesmo em becos estreitos consegue-se ver a luz do candeeiro.

Forma-se branca perdição , sem vida nem amor e o chão acolhe as suas mentes , torna-se tarde...agora a esperança é demente.

Nervos tensos soltam-se dos pulsos , sangue espesso nos lagos acidentados , passam as sombras envoltas no rio que transborda de saudade... , pergunto ao vento a nossa idade ?

Espaço vasto , nevoeiro intenso em pés quebrados pelo frio acolhido no teu ar queimado pelo gelo do corpo...

Galeria onde expõem pinturas , mantenho o meu olhar num rosto velho que admiro...
Neste momento estava junto a ti e os outros ignorantes á nossa volta , artitsas escravos neste século estereotipado.

Dentro do carro vagamos acompanhados por algum sentimento , mas não consigo saber se é o mesmo que sentes...

Mão sobre uma mão que não segurou com a força necessaria para amar.

Largo as preces

largo os contos assombrosos

Largo a noite que saia da tua cama e deambolava pelo corredor temivel em espelhos limpos por ti num dia.

Agarro a dor e apatia , agarro o Mundo por mim criado...renasço da noite alimentado nesta vida ancorado...

Premonition

Insane night, to look at drained without pleasant colors, echoes destroyed in the low lights of the room.

It never arrives the hour of making sleepy, sick body in comfortable ground of pleasure.

Premonition, I sight the airplane in my dreams ...why it will be that everybody whitewashes, I am afraid as vision of future catastrophes.

They rise sacred monuments in the field of the vision, Paris and a romantic one to get late in the mythical wet streets of love.

In turn of the bonfire we stayed to speak...

The night is beautiful because we won't wake up!

Mundo escondido

Bate a vassoura de Bruxa queimada nas minhas costas , picadas de dor e cheiro do fumo em chama envolta no manto preto que fez-me acordar no sufoco do ar...
Alma da cozinha , mas perde-se na luz esbranquiçada em redor dos vidros quebrados.
Pequenos cortes na pele , lamina prateada oscila sobre a madeira , as suas rugas imperfeitas levam as tuas mãos as cinzas da lareira.
Escondido num Mundo de sonho vertem os ossos fracos na barca da morte levando-me pelas aguas sujas em poeira e neblina da noite...
Chegando á margem sinto os espinhos que percorrem na espinha da mente como um gato que adora o seu sabor.
A companhia dos dentes aguçados e olhar infinito...
No que pensas agora ?

Ordem

Caos

Desilusão

Marcha firme nas ruas...a guerra civil parece próxima.
O Mundo agora parece não gritar nem agitar-se como noutros tempos , fazendo história pelas suas próprias mãos e alma...

Que é feito da prosperidade , seca a vida , é como o planeta se trata-se dum cinzeiro imenso...
e eu sem fazer nada fico parado em frente à televisão a fumar enquanto o Mundo respira de fúria e revolta.

Alguma coisa precisa ser feita , heróis e batalhas de outrora já não existem mais...

Viagem

Viagem , Rio e uma manhã em que os raios do sol batem na agua límpida…

Montes escarpados

faixas brancas

cheiro do metal

Paragem e luzes na vila ao cimo do monte mortuário em vegetação verde venenosa.

Lugares queimados pelo frio , a cor do carro que muda , tudo mantêm-se tão limpo…

Agua que escorre vinda dos esgotos , espuma viva da cidade do pecado que não se exprime , uma loja e mobília antiga que gostavas de ter…subimos por uma rua em direcção á fé.

Igreja antiga e sossegada onde sinto-me doente mas crente que podia permanecer ao teu lado nos bancos castanhos em vista para o altar.

Agora chegamos a casa , Só quero sentir-me bem ao teu lado…

Horas mortas

Cai a chuva formando poças fundas e reflexos num poço onde a agua advinha o futuro.
Pisos molhados , janelas gotejantes e pelos telhados escorrem fios suaves e cristalinos desejos…cansado espero por momentos melhores para escrever , mas a mente massacrada não deixa os pensamentos fluírem naturalmente.

Nevoeiro intenso na estrada escorregadia…e os pneus resvalam sobre a agua mole em dias de chuva acida do nosso cérebro.

Chega a noite no silencio sombrio da saudade , minutos intermináveis de sossego , prisão dos tormentos da alma que sussurram no meu olhar em pano adormecido…

Coração gelado , precisava um pouco do calor do teu amor…

Manta do sentimento recíproco e palavras que guiam-nos nas horas mortas da solidão.

A boca seca , pensar doente e pulsação fraca do meu destino…nunca mais chegam as horas de sentir o aconchego do lar.

Labirintos da mente , haverá saída possível para voltar aos campos vastos onde as palavras das minhas mãos tocam na vegetação eterna da paixão…

Perco-me , afundo-me nos dias sem sentido da incerteza estranha dos meus passos , peço a Deus que salve-me apenas mais um dia , e outro dia…

Até ao dia da minha morte.

Destino

Doce brisa fresca na noite coberta de fumo espesso onde o meu olhar confunde-se em ventos suaves...

Festa e vinho prometido amargo do sofrimento da uva adormecida , acompanha-me esta noite como sedativo...preciso relaxar e enganar a dor por momentos.

Pálido , ausente e demente estou crente que a noite ainda espera por mim em sons de acesa chama na porta prateada.
Tempo eterno da palavras secretas do coração.

Vamos querida , entra no autocarro que nos vai levar para o ninho do nosso amor , terra distante , o caminho é longo...encosta a tua fase no meu colo , que mais posso-te dar nestas horas e caminhos duros do nosso amor...

Sentes falta de ar...aguenta , estamos a chegar da viagem dos sentidos da estrada estreita como uma veia perfeita que dá vida a um só corpo.
Esperamos num banco duma estação que venham-nos buscar...estávamos tão juntos e cansados , por momentos tudo foi eterno...

Preciso tanto do teu amor...

Explosão de sémen ! tudo parece acabar por fim num suspiro sozinho e enganador.

Estas sempre ausente , ando sozinho pelas ruas e espero no final que chegues para abraçar-me.
Passamos o tempo no sofá onde adormeço calmamente , como da primeira vez que acolheste-me nos teus braços...e eu abri o meu Mundo num dia de verão acidentado que fechou-se na distancia que nos separou...

Na estrada que brilha , brilho do gelo ainda por derreter , ainda sinto-me confuso em tudo que aconteceu , recordo mas pouco sinto os momentos em que o destino segue sem nos avisar das suas partidas.

Dia da minha partida

Dia da minha partida...

Nada resta nesta hora sufocada , dia no balanço da emoção , apenas gostava de deitar novas lágrimas de esperança...

Novo ano avizinha-se , já esperei por ti tempo suficiente , quero agora voltar ao tempo sem saudade nem ansiedade.
Quem nos espera , quem pensa em nós , tenho tudo mas não tenho nada...

Na luz do espelho reflectida , lança pequenas auras sobre o chão de pedra imaculado , na manhã fria o sol mostra-se no horizonte e nessa altura sente-se alguma emoção que desvanece-se com o decorrer dos minutos após a sua vinda...

Subo várias vezes ao monte da lua em direcção à luz , ao lado o palácio assombrado , as nuvens movem-se lentamente e quase podemos tocar e sentir o seu arrasto.
Estava tão escuro , íamos pela estrada em passeio do nosso luar...passamos por entre árvores que estreitam-se na nossa visão , sei que sentis-te medo em certas alturas.

Paramos na praia , o cheiro do mar e do ar fresco que nos guiou de volta ao nosso amor.

Noites belas e sentidas , no escuro tentamos alcançar e cruzar o nosso olhar , vultos e sombras que passam nas paredes de tinta fresca...

Lugar envolvente , frio que passa lá fora nas ruas da morte , chão negro deslizante e enganador e doença nas casas enfeitiçadas , sino que compras-te que toca as horas da nossa separação...

Cemitério , luz vitoriosa numa cruz desconhecida nas luzes das velas envolvidas no vermelho cor de sangue...um dia de casamento a terra fina envolta dos túmulos rijos banhados na agua de inverno que fui buscar inúmeras vezes a pensar em ti...

Pausa sufocada , cigarro aceso na ponta mortuária , folhas secas castanhas...ao longe chamam-me
para voltar a sair daquele lugar.

Tento mudar
esforço que não sentes

Lágrimas que não vês...

Os sentimentos que não compreendes-te

Deus sabe que tentei...